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Grupos de Movimento e Grounding

Atualizado: 14 de mai. de 2024


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O trabalho corporal consciente em grupo nos ajuda nos relacionamentos intra e interpessoais

Com base nos mesmos princípios da identidade funcional entre soma e psique seguidos pela Análise Bioenergética (AB), porém com objetivos e meios adaptados ao coletivo, foi criado por Leslie Lowen o trabalho com grupos. No Brasil, esta é uma modalidade que recebeu grande simpatia e novos impulsos. Não podemos deixar de citar os trabalhos autorais de grandes profissionais do corpo como José Ângelo Gaiarsa e Regina Favre. Esta última, como precursora brasileira nos anos 70, e, na década seguinte, Maria Ercília Gama e Ricardo Rego desenvolveram os contornos do que hoje chamamos de Grupo de Movimento - GM (WEIGAND, 2006). Seus objetivos centrais são fomentar a autopercepção, o autoconhecimento, o autodesenvolvimento e a autoexpressão de cada participante, por meio do trabalho corporal.

Estes três primeiros termos são autoexplicativos e se referem à capacidade de uma pessoa se sentir, perceber o próprio corpo, suas emoções, pensamentos e sensações; de identificar seu modo de funcionamento e comportamento, especialmente seus padrões; e, finalmente, de se transformar, abandonando aquilo que já não serve mais e criando novos recursos e possibilidade de ser mais saudáveis. Para falar da autoexpressão, tão assolada pelas couraças* e pela educação repressora, trago o conceito de corporeidade como a expressão de cada pessoa no mundo por meio do corpo. Se este último é uma entidade universal, corporeidade, por sua vez, é específica, singular de cada um, refletindo os modos de funcionamento, possibilidades, limitações e desejos de cada indivíduo.

Corporeidade é o que nos distingue de uma “infinitude de corpos”, nossa “auto-organização” ou “constituição própria” (SANTIN, 2001, p. 59).

A partir do momento em que não mais separamos corpo e psique, percebemos como um se expressa e incide sobre o outro. Assim, desenvolver a própria corporeidade, especialmente em contato com outras corporeidades, conhecendo-se e se desenvolvendo também pela autoexpressão, faz do trabalho dos Grupos de Movimento uma experiência ímpar, muito enriquecedora e transformadora. Justamente porque contribui com o florescer da potência que existe em cada individualidade, sustentada pelo contato seguro e estimulante do coletivo.

Assim podemos dizer que a autopercepção e o autoconhecimento seriam os primeiros passos para os seguintes, o autodesenvolvimento e a autoexpressão. E para realizá-los, precisamos sentir segurança e que temos força e base para isso. É aqui que entra a importância do grounding, conceito central da Análise Bioenergética. Grounding é um termo adotado por Alexander Lowen (criador da Análise Bioenergética) e pode ser traduzido livremente como enraizamento. Traz a ideia do estar no prórprio corpo e em contato com a realidade, com uma base firme e com o fluxo energético do organismo desbloqueado.

Weigand (2006), referência na área, minha professora e orientadora, nos apresenta alguns tipos deste estado (corporal e psíquico), facilitando a compreensão de seu conceito. O primeiro grounding é aquele desenvolvido pelo bebê por meio do contato seguro com a mãe. A segurança promovida pelo amor e aceitação expressos pelo contato físico, tátil e visual, possibilita a criação do grounding interno. Da qualidade deste dependerá a construção do grounding postural, constituído a partir tanto da postura quanto da autopercepção corporal adequadas, principalmente de pernas e pés, promovendo a sensação de estar em si, enraizado tanto no próprio corpo como no mundo. Além destes, a autora destaca o grounding do olhar (que atua quando o contato visual permite a corregulação emocional) e aquele baseado na família, cultura e religião. Conforme a autora, o grounding verdadeiro (ou, eu diria, ideal) ocorre apenas quando a energia está fluindo nos três sentidos possíveis: horizontal (relacional), longitudinal (pendular dos pés à cabeça e no sentido inverso) e do centro para a periferia e vice-versa (conexão entre percepções internas, pensamento e ação) (WEIGAND, 2006).

A construção de um bom grounding possibilita realizar as mudanças que tanto desejamos em nós mesm@s, possibilita atravessar momentos de crise e situações de estresse, com mais centramento, e facilita uma vida com mais bem-estar. Desenvolver o grounding em grupo, além de prazeroso, conta com a potência da reunião de corporeidades em construção e contribui para a autorregulação estando em relação, que é muito mais difícil mas também muito mais necessário do que estando sozinh@. Afinal, sem ninguém pra nos tirar a calma, é fácil estar centrad@, não?

Outro pilar dos GM, do mesmo modo que dos trabalhos de base reichiana em geral, é a atenção à curva energética de cada encontro, procurando cadenciar trabalhos que tragam carga no início das atividades até um ápice de excitação e descarga, para então realizar o relaxamento. Assim, o corpo aprende a se carregar, sustentar a carga e descarregar, ou seja a pulsar, movimento vital e expressão de saúde, que vamos perdendo devido ao encouraçamento. Mas, mais uma vez, o corpo só pulsa quando se sente seguro, e para isso, é preciso grounding!


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PS: esse texto é um recorte da minha dissertação de mestrado, com pequenas adaptações, por isso a linguagem acadêmica... prometo melhorar ;)


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  • O termo couraças se refere tanto às couraças caracteriológicas, quanto às musculares, ou seja, aos padrões de funcionamento que se encontram embrenhados em nossa psique e em nosso corpo. Os mesmo foram criados para nos proteger e lidar da melhor maneira possível com situações estressantes e/ou traumáticas e se cristalizam apesar de se mostrarem disfuncionais ao longo do tempo.


Referências


SANTIN, S. O corpo simplesmente corpo. Movimento. Revista de Educação Física da

UFRGS. Vol 7, nº 15 (2001). Disponível em

jan. 2021.

WEIGAND, Odila. Grounding e autonomia. São Paulo: Edições e produções Person Ltda,

2006.

 
 
 

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